quarta-feira, 5 de junho de 2013
Clarice se inclina a acreditar que a vida em nossa esfera óptica seja um engodo maior que em relação à esfera onírica. Tem pirraça moral constante para conseguir manter a lógica e racionalidade, e necessita de jogos mutiladores do seu aspecto físico e confabulante. A música parece mais próxima da realidade derradeira e do sentido derradeiro que uma interlocução débil. Sofrer por amor, ela pensa e abstrai, é uma expiação enganosa de todas as esferas, cognitivas, psicológicas, e se pergunta: "Nos traímos quantas vezes em um espaço sonoro?"
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Estive pensando sobre a dor de Clarice, e conclui que a sabedoria em reconhecê-la e a coragem para expressá-la mostra que há mais em seu discurso do que somente desencanto. Permita-me fundamentar meu argumento:
ResponderExcluir"Fomos ensinados a ver, no desencanto, um afeto exclusivamente ligado aos fracassados, depressivos e ressentidos; nunca aos produtores de novas formas.
Em "Suave é a Noite", Scott Fitzgerald apresenta um de seus personagens dizendo que sua segurança intacta era a marca de sua incompletude. Tal personagem nunca sentira a quebra de suas certezas, a desarticulação de seus valores, por isto ele continuava incompleto. Ele não tinha o desencanto necessário para explorar, sem medo, a plasticidade do novo" (SAFATLE, Vladimir).
Abraço.
P.S.: Seus últimos escritos estão com bela intensidade, grato por compartilhar.
Obrigada, pelo elogio e pelo comentário. Muito rico o adendo sobre Fitzgerald. O desencanto não se encerra em si mesmo, de fato, creio que suas implicações tornam nossas percepções melhor providas de valores.
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