
Hoje, conversando por alto com um colega, percebi quão desabituadas estão as pessoas com o prazer, aquele tranportador, aquele chocante, que a literatura, a boa, a livre de paradigmas (e de pieguices) proporciona a quem possui um mínimo de sutileza para com o significado além das palavras. Ainda nessa conversa (tomarei-a como base, embora minha opinião se aplique a situações das mais triviais possíveis) notei quão moralistas são as posições que as pessoas se apressam a adotar e apresentar como suas "norteadoras". Moralistas no sentido mais católico, portanto auto-repressivo. A "moral de rebanho" elucidada por Nietzsche aplica-se à turba com extensões, e profundidade, incomensuráveis em nosso século.
A abordagem e posicionamento de jovens acerca das questões que buscam uma análise posicional quanto a temas polêmicos relativos às atitudes, às decisões, aos princípios que regem o comportamento social, têm sido cada vez mais conservadoras.
Volta-se o "namorar com permissão", a reprovação às comunidades alternativas, a censura às
liberdades consideradoas "desregradas" das escolhas por imagens chamativas e ao descaso diante da opinião pública. Não estou a defender sociedades ou hábitos, quaiquer que sejam, abstenho-me a apontar como as gerações alternam-se na primazia de certos valores. O esperado nem sempre se concretiza quando lidamos com o psicológico humano. A criação e o cenário mundial, de desenvolvimento, descobertas, ampliações em geral em que estamos inseridos, nós adolescentes e jovens de hoje, tinha como previsões o impulso às liberdades e à uma maior compreensão, aceitação do novo, alternativo, independente, do controverso, do desgarrado, do antes considerado subversivo a padrões por arbitrariedades... Entretanto nota-se que uma obra literária com enredo mais denso, mais realistas (ou revelador), crítico e sem eufemismos quanto às interações homem-mulher, pensamento-ato, situações descarnadas, desprovidas de floreamentos ou enternecimentos quanto a amor, sexo, opinião, às vicissitudes rotineiras que cada um enfrenta mas com menos amenidade na descrição, estes provocam mais estranheza aos nossos adolescentes do que aos de meio século atrás.
A que se deve tais posições? À alienação ao percurso, sucessos, aberturas já conseguidos em prol de nossa liberdade? Em parte creio que sim... Mas haverá argumento mais contundente para a persistência de conceitos antiquados nos moldes contemporâneos?
tô perdida...
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