quinta-feira, 23 de maio de 2013
Carolina tinha os cabelos castanhos e a pele amendoada, não os olhos, os olhos eram cinzentos, ah, as janelas da alma! Carolina acorda as seis da manhã e passa batom cor carmim para ressuscitar a alma, não quer mais trabalhar em pronto atendimentos, acredita que a vida seja natural assim como a morte. Entretanto, se sente com o ego ferido, esfaqueado e para não entrar em choque tenta um último paliativo, vai contra suas próprias regras, vai contra seus princípios, Carolina tenta usar o véu humano da sobriedade, talvez ela consiga comer ou se sentar à mesa, com algum esforço. Os olhos fundos estão sendo cantados e encontrados por aí, Carolina não ama ninguém e talvez queira não ser amada, Carolina quase come as pessoas em seu sortilégio de cada dia, talvez tenha se perturbado com sua fraqueza diante de uma semana mal vivida, uma vida de aprendizado para uma queda tão vil. Carolina quer se esfaquear, mas não sabe fazer isso, tem asco do próprio sangue e da própria desilusão previamente criada para que chegasse a esse ponto de despersonificação induzida. Carolina não tem nome, deveras, só cadernos e rascunhos pretensiosos. "Carolina, com seus olhos fundos, guarda tanta dor, a dor de todo esse mundo."
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Há experiências e acontecimentos súbitos movidos pela volição incontida que realmente revelam em um instante o mais íntimo de alguém do que alguns anos de irrisória iniciativa pessoal para com os outros. Quando configurar um dano ou perda material é base para acordo de um término de relacionamento a situação neurótica parece ter chegado ao extremo. Agir como se o mundo fosse terminar onde o desejo não satisfeito termina constitui cerne de atitudes vulgares de cada dia e cada noite mundana. Particularmente, acredito que essas situações tenham apelo ao bom desenvolvimento do ego no decorrer da vida, embora unicamente quando em restrição, quando em tempo limitado. Situações extremas devem ser experimentadas com gosto, em todos os seus âmbitos, lados e pontas, deve-se deliciar-se com cada tênue limite perpassado, cada notória mudança de conduta ininteligível e idiossincrática. Eis mesmo um cenário de beleza! Entretanto, fazer dessas um hábito gera asco e sombra ao indivíduo, como toda repetição compulsória que antes deveria ser apenas fugaz (ou memorável) desconstrução ou reconstrução individual. Talvez uma situação extrema seja um engodo para nossas percepções de nós mesmos, ou viver no limite só ressalte o egoísmo ou empatia de cada um, como já previsto.
domingo, 19 de maio de 2013
Forjar o desencontro assim como forjar encontros não é lá tão louvável. Qual será o limiar da naturalidade? Qual será o limiar entre o acaso e nossa intervenção pró-ativa no desenrolar de momentos? É instigante imaginar que em dez anos uma pessoa pode não ter notícias de outra de quem gosta e em seguida se ver casada com a mesma com um simples telefonema permeando tais situações. As relações têm sido tão projetadas e somos tão obcecados por pessoas de quem não gostamos, sofremos por alguém que não nos interessa na realidade, no âmago. Eis nossos simulacros de esquiva à perda! Talvez a paz de espírito possa resolver ou salvar nossos relacionamentos.
Assinar:
Postagens (Atom)