Manhã da manhã certa ao meu resplendor renovador, encorajador, apurador do
arpoador. Sinto e quase vejo a luz, vejo a luz agora, falta-me ver olhos, mas posso encontrá-los no reflexo do óxido de prata. É tão certo que a vida em
derredor possa ser simplesmente ausência de vida, tão certo que entrego os pontos às vezes. Agora estou notando algo, passo
maquiagem para escrever, o
batom carmim aqui está e meus olhos estão delineados, talvez eu esteja furiosa de alguma forma e não possua talento, me tomaram ontem por uma
revolucionária sem premissas, eu me tomei, é meu o termo, mas acredito que ele o fez melhor. Não queria referir-me à uma pessoa que conheço há pouco, mas não irei refrear-me hoje, talvez a leitura desperte algo de infinito em algum
objetivo.
Quais são as metas mais saudáveis para o ano? Esse pequenino menino que mal aparece já foge, é um menino, o Ano nunca será uma menina, não há
recatamento suficiente, é sempre, tudo, sempre escancarado, sempre ironias tolas que levantam seu próprio ego. Não há meninas assim, valham-me as ciganas como prova, elas podem dizer quase tudo do
quase, intensamente.
Não consigo resolver-me e mudá-lo, não consigo agir sem notá-lo, acho excelente ter uma boa conversa, mas desgasto-me por vezes, quase perco a cor, quase, quase... É sempre a iminência de um acontecimento, e ser hermética não é ser erudita, eis a parca filosofia por detrás das escolas literárias.
Acho que seguir, simplesmente seguir sem procurar mudar, sem olhar os atalhos, as encruzilhadas, é querer viver, mas é ainda não notar que se é
onisciente a qualquer momento e não só no início do plano.
P.S.: Escrevi isso nessa manhã, ao acordar, antes de ter tido uma palavra com alguém e agora relendo acho que tudo cabe no meu dia, nas minhas
discordâncias e
concordâncias. Mudei alguma coisa em mim depois de hoje.