terça-feira, 16 de novembro de 2010

Espaçamento Sonoro

Não produz o que necessita, não faz seus simulacros, não produz mais sorrisos, não quer mais ninguém. Esse era o estímulo, mas quem sensivelmente possui tal certeza?

Charme Deslocado

Inspirado em um programa de cinema, noite.

Declamar poemas, soletrar tonicidades
Montar a cavalo, o vento, as madeixas
Apaixonar-se pela história
Língua estrangeira, eis o natural

Pensar, preparar (jantar sem mesa)
Resolver, o não-problema
Concluir, como o pai
Quatro anos, quase a vida

Ritmo e leveza (dança com lobos)
Fugir, fraqueza
Drama, dama do lago
Há madeixas deveras

Esgotamento instantâneo
Exímio lutador
Dom Juan
Palavras e pseudônimos

Gana, reconhecimento
Necessidade
Necessidade
Instinto e vontade,
Humanidade
Toda intricada na pedra, Era

Mistura de gêneros
Gerações e genéticas
Dicotomia
Novela, pó de arroz
Para a luz
Fim (e as pupilas, como estão?)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Pálpebra

Duram as palavras

Seja pela agonia de cada esforço por mantê-las

Ou em cada ruga prematura e instantânea

Cada pálpebra dolorida

Cada noite vazia e repleta de algo

Que não se define e se sente pouco

Mas lá está

Pessoas se descontroem e se simulam no espaço alheio

Usando palavras que duram

Pelo menos

Uma vida

Estou atrasada e são 27 graus celsius de calor que provavelmente se transformarão em 35 em duas horas. Tendo a escrever agora e não sei bem o porquê, tendo a ligar e a chamar, mas nada vale mais do que minha falta de impulso, hoje não vale mais; eu não tenho dito o suficiente, mas não sei o que significa estar nesse limiar.

domingo, 22 de agosto de 2010

Post da manhã

Acordar, levantar, acordar novamente, deitar, acordar, computador, leite, livros, acordada.
O domingo não é mais o mesmo de outrora, o domingo está repleto de palavras agora, falta a pele que o envolvia, falta a sensibilidade da luz por si só, mesmo sem peles.

Fora do lugar

Ribeirão Preto ainda não faz sentido,
não existe, não pensa,
deixa acordada a noite, sem música,
ainda tenta tocar com as duas mãos.

Relógio Noturno

Não são momentos a sós os meus de indigente. Sou indigente na vitória conjunta, na crença em uniões sem dor, sou indigente na ilusão em que a proximidade me toma. Estive indigente por muitas horas, há não tantas horas. Uma estrela cadente passou e ainda passa e uma vez mais persiste, minha imagem particular. Antes de pedir preciso perguntar, não me é vedado, se há mais rubor ou gelo no universo.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010




E quem não sabe, de fato, quem é o mais atraente dos irmãos?
Deparei-me com Dimitri assim, ao acaso, na Internet, e um turbilhão de imagens sobrepujaram qualquer pensamento meu.
Ainda espero alguma carta dele, ainda espero rever Dostoiévski muitas vezes!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

É tão sutil, Proust, dissertação, música na mesma noite, entremeados, intricados com a alma que não transparece para mim.
Agora, e é nesse agora, dentre os outros, que quase consigo entender os lapsos do desamor.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Digressões

Estou toda manchada. Miscelânea de maquiagem, chocolate, brilho e um pouco de poeira do dia. Sinto-me cansada, não acho que as pessoas entenderam bem o que eu quis dizer, mas elas sempre podem pensar uma vez mais e quem sabe pensarem em esquecerem-se do que a pobre garota disse. Estou sendo chamada, convocada pelo meu eu para odiar teorias, pegadas, pessoas, estou com o instinto destrutivo tão pujante que não há muito teor de racionalidade na tomada agressiva que tenho empreendido contra o cenário. Mas contra tudo não, só todos. Manchei a folha com maquiagem borrada, mancho minha possível alma domingueira. E hoje sugeriram terem vislumbrado minha "aura" amarelada. Talvez seja só o tempo que nunca tive, que não existe para não precisar se dar.
Sapatos engraçados, como preciso de sapatos menos sérios, tenho quase criado teorias sobre a sobriedade do indivíduo e suas escolhas de sapatos. Eu não me cuido generosamente, imparcialmente, sou delegada às circunstâncias de momentos assustadores e eu me doo, e tudo é tão mais sutil assim. Como as palavras têm surgido de forma pífia ultimamente, a vida tem sido ignonímia e falta de calma. Preciso me acalmar. Ajuda, quase grito, mas não posso chamar ninguém, não posso correr riscos de me apaixonar, sou sempre um risco.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Capa


Às vezes há a invisibilidade da dor, como quando há lágrimas na chuva. Chuva de domingo ensolarado, chuva daquele chuveiro, água caindo do céu, da tormenta.
Sinto que capas não são o que nos escondem, há matérias, materiais, meta-materiais mais sutis e mais próximos.

Corpo ao Mar

Cruzeiros atraem (me)
Néscias paixões
Vertiginosas

E as estrelas sem mais tempo
para serem constelações
Caem do meu cabelo
molhado, salgado

quarta-feira, 31 de março de 2010

Momento misantropo


Eu-seu-meu-Lírico

Toda passagem é passível de captura
Noto cada intervalo independente de sua duração
Noto com cada pedaço do meu corpo
Não estou tendo dias felizes, não noto, adivinho
Consumo-me nos fonemas
Que ouço, há melodias que esfaqueiam
Os pedaços que citei
Gostaria da companhia de alguns amigos
Gostaria e gostaria no agora que também passou
Estou maculando-me com tanto cinza
Com tanta filosofia barata
E com meu sentimento desdirecionado
Quando me deixo pensar, questiono se
Há histeria por toda parte ou só
Na parte que me cabe, mas arrebenta
Já pensei em tentar algo concreto,
O concreto sempre define a tal da virtude
Esses todos atributos mundanos valorizados
Mas basta de falso heroísmo,
E ser educada basta, é o analgésico universal
Não julgo mal a quem não se envolve
Se há proximidade, há troca,
Há simplesmente,
E há quem não queira haver
Com a dor
Do eu-outro, do eu-seu-todo meu
Ligada ao prazer ou não, claro, não-ligada

terça-feira, 30 de março de 2010

Tentando mudar o dia de lugar, ela construiu e fechou janelas.

Ode a outro

Encontrada Alice, perdeu-se tudo
O caminho desintegrou-se
A mente sossegou-se
O grito tornou-se surdo-mudo

Encontrada a promessa, terminou a luta
Fez-se da noite arrebol
Do pardal, rouxinol
Da vontade, ode irresoluta

Feche para deitar-se
Não coaja, ou ameace
Encontrada! Eis o enlace

Mas, perde-se no lodo
Descobre-se engodo
Assim é Alice, odeia Haroldo

terça-feira, 16 de março de 2010

Crua

Estou prestes a descobrir qual a erística adequada para momentos de obstinação comigo mesma.
Nesse momento me recuso a seguir minha vida como de costume e apesar de estar tentando fazer um simples arroz para o almoço nada na vida concreta me impele mais à praticidade. Leio Bravo! e leio Cult enquanto faço poses de dona de casa, de adulta, de mulher sem razão no íntimo, e leio nada além de meus anseios de buscar lugares que não existem, pintados por estranhos.
Recomeçarei o blog, não sem drama, não sem desejos, não sem a parte da minha vida, a mais crua de cada dia, a mais inteira, sem partes, pois.